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A arma total contra a má sorte

O funcionamento do Anel Atlante Verdadeiro descrito por Howard Carter, quando afirmou estar de posse de um segredo protetor

O mais estranho, em todo este assunto, é que só um homem livrou-se da maldição: precisamente o principal “culpado”, aquele a quem coube realizar todo o trabalho, inventariar os achados, trasladar o tesouro, em suma o homem a quem coube a maior responsabilidade e a glória do descobrimento. De fato, Howard Carter viveu até 1939, ano em que faleceu à idade de 66 anos.

Funcionamentodo do Anel Atlante

Certamente este fato constitui um argumento muito sólido em favor da tese racionalista, segundo a qual é impossível que uma maldição possa cair sobre os profanadores. Sempre é melhor atribuir os mistérios a causas naturais. Não obstante, e em atenção a quantos não creiam que as coincidências sejam uma explicação satisfatória, acrescentarei uma informação que, se for certa, traz nova luz ao caso; devo-a a um diplomata belga residente no Cairo antes da guerra e que foi amigo pessoal de Howard Carter. Segundo este diplomata, Carter confessou-lhe estar de posse da couraça definitiva contra todas as desgraças que os mais poderosos magos ou bruxos pudessem dirigir-lhe, e que encontrara tão excepcional segredo protetor numa das tumbas descobertas por ele mesmo no Vale dos Reis, no início de sua carreira como egiptólogo. Tratava-se da tumba de um sacerdote chamado Húa, onde os corpos deste e de sua mulher estavam em perfeito estado de conservação. Na câmara mortuária, cujos selos estavam intactos, o morto preparara com toda evidência as boas-vindas a seu primeiro visitante, oferecendo-lhe o segredo da imunidade como que para premiar sua audácia.

Devemos esperar que sejam examinados e publicados os volumosos arquivos deixados por Carter à posteridade, antes de conhecer o segredo em questão. Seus esboços e notas, suas fotografias e relatórios, que ocupam dezenas de caixas, devem estar apodrecendo em algum canto dos sótãos do British Museum, de Londres. Não é pelo menos surpreendente que, depois de trinta anos, a curiosidade dos numerosos investigadores apaixonados pelos mistérios egípcios tenha sido desatendida sistematicamente pela administração oficial? Existiria alguma razão de peso para manter ignorada esta impressionante documentação eivada de segredos?

Trecho do livro – Ces Maisons Qui Tuent – Roger de Lafforest